Ninguém espera que uma tragédia aérea aconteça logo nos primeiros segundos de voo, mas foi o que marcou a queda do Boeing 787-8 Dreamliner da Air India. Segundo a investigação inicial, os motores ficaram sem combustível por uma ativação repentina dos interruptores de corte, apenas um segundo depois da decolagem. Isso derrubou o avião praticamente sem chance de reação, em apenas 32 segundos após o início do voo, matando 270 pessoas e deixando apenas Vishwashkumar Ramesh como sobrevivente.
O que surpreende muitos especialistas é justamente a ação dos interruptores. Eles servem para cortar o fornecimento de combustível aos motores, um recurso usado apenas em situações de emergência. Mas, dessa vez, foram desligados simultaneamente nos dois motores. As gravações da cabine mostram um clima de perplexidade: um piloto pergunta ao colega por que cortaram o combustível, mas o outro nega ter feito isso. Até agora, a investigação não localizou nenhuma falha anterior no sistema de combustível, e os motores eram praticamente novos, instalados em março e maio de 2025.
O mistério é reforçado pelos dados da caixa preta. Um dos motores ainda tentou retomar a potência, mas não conseguiu sustentar o empuxo para manter a aeronave no ar. O outro nem teve tempo de recuperação. Sem resposta adequada dos motores, os pilotos declararam Mayday, mas o impacto foi inevitável — o avião estava em baixa altitude e não havia tempo hábil para reverter o quadro.
A Autoridade de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (AAIB) deixou claro que nenhum alerta precisou ser emitido para outras aeronaves do mesmo modelo. Isso exclui, pelo menos por enquanto, a hipótese de falha sistêmica no Boeing 787. O que chama a atenção, e preocupa, é a raridade desse tipo de evento: corte de combustível logo depois da decolagem simplesmente não é esperado, especialmente se todos os sistemas estavam normais e sem defeitos pré-existentes.
Ainda há muitas peças faltando nesse quebra-cabeça. O relatório preliminar descarta falhas nos componentes e não levanta suspeitas sobre outros equipamentos iguais em operação pelo mundo. Para familiares das vítimas e para toda a aviação, fica a angústia da espera por respostas sobre o que levou ao acionamento fatal do corte de combustível em um momento tão crítico do voo.