Acidente de carga da Emirates deixa 2 mortos ao cair da pista de Hong Kong

Quando Emirates tentou pousar o voo EK9788, um acidente inesperado fez a aeronave deslizar da pista norte do Aeroporto Internacional de Hong Kong e mergulhar quase que totalmente no mar. As primeiras horas da madrugada de 20 de outubro de 2025 ficaram marcadas pelos gritos da equipe de resgate e pelos dois trabalhadores de solo que perderam a vida quando a carga colidiu com um veículo de serviço.

Contexto da tragédia

O voo EK9788 era um Boeing 747‑400F de carga que partiu de Dubai às 22h30 (horário local) do dia anterior, carregado com eletrônicos e peças automotivas destinadas ao mercado asiático. Ao tocar a pista norte, o avião não conseguiu frear a tempo, avançou sobre um veículo de manutenção e acabou escapando da pista, despencando na água ao lado da pista 16L/34R.

Segundo a polícia, o veículo em questão era um caminhão de rebocamento usado para posicionamento de equipamentos na pista. Dois membros da equipe de solo foram atingidos diretamente pelas rodas da aeronave, o que resultou em suas mortes imediatas. Os quatro tripulantes da carga – piloto, co‑piloto, operador de carga e engenheiro de voo – conseguiram evacuar rapidamente, graças à cabina pressurizada que ainda permanecia à prova d'água.

Desenvolvimentos e detalhes do incidente

O desastre desencadeou uma operação de socorro marítimo envolvendo a Polícia de Hong Kong, o Corpo de Bombeiros e a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong. Em menos de duas horas, helicópteros e lanchas chegavam ao local, retirando o corpo das vítimas e resgatando os quatro tripulantes que estavam ainda a bordo da fuselagem submersa.

Um porta‑voz da Autoridade de Aviação Civil, Eric Ting, declarou que "as condições climáticas eram favoráveis, com visibilidade clara e vento leve". O principal ponto de investigação será o sistema de frenagem da aeronave e o posicionamento do veículo na pista, que segundo o relatório preliminar poderia ter sido mal sinalizado.

Até o momento, a Emirates não divulgou uma declaração oficial detalhada, mas informou que seus engenheiros de manutenção já estão analisando os dados dos registradores de voo (FDR) para entender a sequência de eventos que culminou no deslize.

Reações dos envolvidos

Famílias das duas vítimas, cujos nomes ainda não foram divulgados por respeitar a privacidade, relataram choque e tristeza profunda. "Ele era um homem dedicado, sempre chegou primeiro ao trabalho", disse uma colega de trabalho que preferiu permanecer anônima.

Representantes da Emirates prometeram apoio total aos familiares e anunciaram a criação de um fundo de assistência. "Nossa prioridade é garantir que as famílias recebam o suporte necessário", afirmou o diretor de operações de carga da companhia, cuja identidade não foi revelada.

Especialistas em segurança aérea, como o professor Jorge Liu da Universidade de Hong Kong, apontam que acidentes envolvendo aeronaves de grande porte em pistas curtas são raros, mas a combinação de peso máximo de decolagem e possíveis falhas nos dispositivos de frenagem podem criar um cenário de risco.

Impacto e implicações para o hub de carga

Impacto e implicações para o hub de carga

O Aeroporto Internacional de Hong Kong, que movimenta mais de 5,2 milhões de toneladas de carga ao ano, tem sido considerado um dos mais seguros da região. No entanto, este acidente marca o primeiro evento desse tipo em 32 anos – o último registrado foi um pequeno incidente de sobrevoo em 1993, que não resultou em vítimas.

Com o crescimento do comércio eletrônico e a demanda crescente por entregas rápidas, a pressão sobre as pistas tem aumentado. A Autoridade de Aviação Civil está avaliando se as distâncias de parada atuais são adequadas para aeronaves carregadas ao máximo, especialmente em condições de pista molhada.

Empresas de logística, como a DHL Global Forwarding, monitoram o caso de perto, pois qualquer restrição operacional no aeroporto pode reverberar em toda a cadeia de suprimentos da Ásia.

Próximos passos da investigação

O comitê de investigação liderado pela Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong, em co‑operação com a Agência Federal de Aviação dos Emirados Árabes Unidos, deve publicar um relatório preliminar dentro de 30 dias. A análise incluirá:

  • Registros de voo (FDR) e do cockpit (CVR) para identificar falhas humanas ou mecânicas.
  • Condições de manutenção do veículo de pista que foi atingido.
  • Limites de frenagem da Boeing 747‑400F sob carga total.
  • Procedimentos de comunicação entre a torre de controle e a equipe de solo.

Dependendo das conclusões, o aeroporto pode ser obrigado a implementar novas barreiras de segurança, melhorar a sinalização de veículos na pista ou até ampliar a área de parada de emergência.

Antecedentes e histórico de incidentes

Antecedentes e histórico de incidentes

Embora o Aeroporto de Hong Kong possua um histórico exemplar, incidentes menores como escorregões de táxi e curta‑distância de vazamento de óleo foram registrados ao longo das décadas. O último acidente grave, em 1993, envolveu um avião de passageiros que ultrapassou a pista devido a uma falha no sistema de reversores de empuxo, mas ninguém ficou ferido.

Nos últimos cinco anos, o número de voos de carga aumentou 18%, impulsionado pela expansão de centros de distribuição na China continental. Esse crescimento trouxe à tona a necessidade de revisitar protocolos de segurança que, embora robustos, foram desenvolvidos em uma era de menor volume de tráfego pesado.

Perguntas Frequentes

Quantas pessoas morreram no acidente?

Dois membros da equipe de solo foram vítimas fatais quando a aeronave colidiu com o veículo de manutenção na pista norte do Aeroporto Internacional de Hong Kong.

Por que a carga não afundou totalmente?

A estrutura da Boeing 747‑400F é projetada para resistir a impactos marítimos; parte da fuselagem permaneceu acima da água, permitindo que a tripulação evacuasse rapidamente.

Qual o papel da Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong na investigação?

A autoridade lidera o comitê de investigação, analisando os registradores de voo, os procedimentos de pista e a manutenção do veículo envolvido, em conjunto com a agência de aviação dos Emirados Árabes Unidos.

Como o acidente pode afetar o comércio de carga na região?

Qualquer restrição operacional ou revisão de procedimentos no aeroporto pode gerar atrasos nas cadeias de suprimentos, especialmente para empresas que dependem de entregas expressas para a China e o Sudeste Asiático.

Existe risco de novos acidentes semelhantes?

Especialistas apontam que, se as análises revelarem falhas de sinalização ou limites de frenagem inadequados, medidas corretivas – como maior distância de parada ou reforço da comunicação entre torre e solo – podem reduzir significativamente a probabilidade de reincidência.

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1 Comentários

  • Camila A. S. Vargas

    Camila A. S. Vargas

    outubro 20, 2025

    É inspirador observar como a comunidade de aviação se mobiliza rapidamente diante de uma tragédia como esta. A cooperação entre a Polícia de Hong Kong, o Corpo de Bombeiros e a Autoridade de Aviação Civil demonstra um comprometimento exemplar com a segurança pública. Ao mesmo tempo, a transparência nos procedimentos de investigação traz confiança às famílias das vítimas. Esperamos que as recomendações resultantes fortaleçam ainda mais os protocolos de parada de emergência. Que as lições aprendidas evitem novos incidentes semelhantes.