Um empate que doeu. Na noite de quarta-feira, 19 de novembro de 2025, o Vila Belmiro vibrou, respirou fundo e depois ficou em silêncio. O Santos FC abriu o placar com Neymar Jr., mas perdeu a vitória por causa de uma falta que ninguém viu — até o VAR intervir. O Mirassol, que chegou à Vila Belmiro como o terceiro colocado da tabela, saiu com um ponto de ouro: 1 a 1, em partida válida pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro Série ASantos, diante de 14.317 torcedores. O resultado não mudou a posição do Santos na zona de rebaixamento — e isso é o que mais importa agora.
Um gol de gênio, um erro de garoto
Os primeiros quatro minutos foram suficientes para lembrar por que Neymar ainda é o maior nome do futebol brasileiro. Recebeu passe de Luiz Díaz, viu o zagueiro cair, acelerou e finalizou com o pé direito, sem chances para o goleiro. O estádio explodiu. "Neymar invadiu o espaço... pé direito. Fatal. Gol!", gritou a narração da Jovem Pan Esportes. Era o 14º gol do campeão olímpico na temporada — e o primeiro desde agosto. Mas o que veio depois foi o contrário de um conto de fadas.
Aos 57 minutos, após revisão do Matheus Delgado Candançan e sua equipe de árbitros de vídeo, foi apontado um pênalti contra o Santos. A falta foi cometida por Neymar, que, tentando recuperar a bola na área, empurrou o zagueiro do Mirassol. O árbitro inicial não viu. O VAR, sim. E aí, o jogo mudou. Reinaldo Silva de Souza, o atacante de 31 anos que já marcou em outros grandes palcos, bateu firme, no canto inferior direito. Walter Brazão tocou, mas não segurou. O empate veio, e com ele, a frustração.
Robinho Jr. quase salva o Santos — mas foi o alvo da defesa
Se Neymar foi herói e vilão, Robinho Jr., o jovem atacante de 22 anos, foi o personagem que quase entrou na história. Aos 39 minutos do segundo tempo, com o jogo ainda empatado, ele recebeu passe de Mayke, fez um drible duplo em dois marcadores, entrou na área e finalizou — a bola passou por pouco ao lado da trave. Foi a melhor chance do Santos depois do gol. Mas, como apontou o GE Globo, o garoto está sendo tratado como um perigo real. "Está visado pelos rivais e vai precisar de ainda mais improviso para quebrar a marcação", disseram os analistas. Dois jogadores do Mirassol o marcavam em tandem, e isso não é coincidência. É tática.
Os números não mentem — e o Santos ainda está no fundo
Antes da partida, o Mirassol tinha 59 pontos, 16 vitórias e um saldo de +21 gols. Depois do empate, subiu para 60 pontos, mantendo-se entre os três melhores do Brasil. O Santos? Entrou com 36 pontos, saiu com 37. Nove vitórias, dez empates, quinze derrotas. A situação é clara: o time está na 16ª posição, na zona de rebaixamento direto. Não é uma crise de desempenho. É uma crise de consistência. O time joga bem em momentos, mas não sustenta. O meio-campo, com Zé Rafael e Willian Arão, tenta controlar, mas a defesa ainda é insegura. E quando o ataque falha, o time desaba.
Um Mirassol que cresce — e um Santos que perde tempo
O Mirassol, clube de pequena estrutura e orçamento limitado, vem construindo uma campanha histórica. Com 16 vitórias e apenas seis derrotas, é um dos maiores feitos da história do clube. O técnico não tem estrelas, mas tem organização. A defesa, com Luan Peres e Tomás Rincón, foi sólida. O meio-campo, com Gabriel Bontempo, não deixou Neymar respirar nos segundos tempos. Enquanto isso, o Santos, com orçamento dez vezes maior, segue perdendo oportunidades. Não é falta de talento. É falta de identidade. De estratégia. De liderança.
O que vem a seguir?
A próxima rodada é decisiva. O Santos enfrenta o Cruzeiro em Belo Horizonte, em jogo que pode ser o último chance de sair da zona de rebaixamento. O Mirassol, por sua vez, vai ao Fluminense — um desafio difícil, mas não impossível. Se o Mirassol vencer, pode até entrar na briga pelo título. O Santos? Se perder, a situação vira caos.
As formações e os detalhes que ninguém viu
O Santos jogou com 4-3-3: Walter Brazão no gol; Leonardo Souza, Ivaldo, Eduardo Frias e Igor Vinícius na defesa; Zé Rafael, Willian Arão e Jean Mota no meio; e Neymar, Luiz Díaz e Ángel Barreal no ataque. O Mirassol, igualmente tático, usou 4-3-3 com Mayke na lateral, Luan Peres na zaga e Tiquinho Soares como centroavante. A diferença? O Mirassol pressionou mais alto, cortou os passes laterais e limitou as jogadas de Neymar nos últimos 20 minutos. O Santos tentou, mas não teve criatividade suficiente para desequilibrar.
Frequently Asked Questions
Por que o pênalti foi marcado após o VAR, e não pelo árbitro principal?
O árbitro principal, Matheus Delgado Candançan, não viu a falta cometida por Neymar Jr. na área, pois o contato ocorreu com o corpo e foi rápido. O VAR, ao revisar o lance, identificou que o atacante do Santos empurrou o zagueiro do Mirassol com o braço direito, impedindo sua progressão — um claro impedimento de jogada. A regra permite a revisão de faltas que resultem em gols ou oportunidades claras de gol, e o pênalti foi confirmado por unanimidade da equipe de vídeo.
Como o Mirassol consegue ser tão forte com um orçamento tão menor?
O Mirassol investe em scouting inteligente, contrata jogadores em empréstimos ou por baixo custo, e prioriza coesão tática acima de nomes. Seu treinador, Paulo Autuori, tem experiência em equipes de médio porte e montou um sistema defensivo sólido com transições rápidas. Além disso, o clube tem um bom relacionamento com agentes e tem conseguido manter a base do elenco por mais tempo, algo raro no futebol brasileiro atual.
Neymar Jr. ainda pode salvar o Santos da queda?
Ele pode, mas não sozinho. Neymar marcou 14 gols esta temporada — mais que todos os outros atacantes do Santos juntos. Mas o time precisa de mais eficiência no meio-campo e de uma defesa menos vulnerável. Se ele continuar sendo a única ameaça ofensiva, os rivais vão continuar marcando-o em dupla. O Santos precisa de um apoio real, e rápido. Caso contrário, mesmo com gols dele, o rebaixamento pode ser inevitável.
Qual é o histórico de confrontos entre Santos e Mirassol?
Antes desta partida, os dois times só se enfrentaram duas vezes na Série A: em 2020, o Santos venceu por 2 a 1 em casa, e em 2021, empataram em 1 a 1 no interior de São Paulo. O Mirassol nunca havia vencido o Santos em partida oficial. Este empate, portanto, é histórico para o clube mineiro — e um alerta para o Santos, que não consegue superar adversários considerados inferiores.
O que o resultado significa para a temporada do Santos?
O empate deixou o Santos com 37 pontos, a apenas um ponto da zona de qualificação para a Série B. Mas com apenas quatro rodadas restantes, a pressão aumenta. Se não vencer pelo menos três dos próximos jogos, o rebaixamento será matemático. O clube já enfrenta críticas da torcida e da imprensa. A diretoria precisa agir — seja na troca de técnico, seja na renovação do elenco — ou a temporada de 2025 pode ser lembrada como a pior da história moderna do clube.