A novela Vale Tudo retorna às telas em 2025 com a assinatura da roteirista Manuela Dias, que promete mexer com a memória dos fãs da versão de 1988 e ao mesmo tempo trazer um olhar contemporâneo. O ponto central da trama revisitada gira em torno de César, interpretado por Cauã Reymond, cuja ambição e carisma estão novamente na linha de frente da disputa por poder e riqueza.
Nos últimos episódios, a narrativa revelou que César será beneficiado por um contrato de união estável que lhe garante metade do Grupo TCA – ou Grupo Almeida Roitman, conforme algumas versões do roteiro. Essa descoberta não apenas amplia seu potencial financeiro, mas também o coloca sob uma lupa ainda maior: ele passa a ser o principal suspeito da morte da poderosa empresária Odete, interpretada por Débora Bloch.
A revelação cria uma teia de intrigas que remete ao clássico da telenovela, mas com nuances modernas. Enquanto a herança promete legitimizar seu acesso ao império empresarial, o fato de estar ligado ao crime levanta dúvidas sobre sua moralidade, reforçando o estereótipo de oportunista que a série sempre associou ao personagem.
Seguindo o roteiro da versão original, César decide fugir logo após o assassinato, mas não antes de garantir a Fátima (Maria de Fátima, vivida por Letícia Spiller) que ele não foi o responsável. Essa promessa de inocência gera um clima de tensão, pois o espectador fica preso entre a palavra do anti‑herói e as evidências que surgem aos poucos.
O ponto de ruptura acontece quando César reaparece, desta vez carregando uma acusação pesada contra Fátima. Ele a aponta como a verdadeira assassina, alegando que ela teria entrado no apartamento de Odete para se vingar. Essa virada aumenta o nível de suspense, pois agora duas das figuras centrais da trama trocam acusações, e o público se vê obrigado a reinterpretar tudo o que foi revelado até então.
O confronto entre César e Fátima traz à tona antigos laços de romance e traição que existiam entre eles. Enquanto o relacionamento deles sempre foi marcado por um misto de parceria e rivalidade, a nova acusação põe em risco qualquer possibilidade de reconciliação, reforçando a ideia de que a ambição pode destruir até mesmo os vínculos mais íntimos.
Nos últimos capítulos transmitidos, a tensão tem escalado de forma perceptível. Odete impede César de ingerir um remédio adulterado, demonstrando que ainda há jogos de poder em andamento. Ao mesmo tempo, Fátima envolve-se em chantagens e ameaças contra a empresária, o que indica que a trama está caminhando para um confronto definitivo.
Na novela original, César Ribeiro – encarnado por Carlos Alberto Riccelli – era um surfista e trapaceiro que conseguiu subir na vida através de manobras ousadas. Seu relacionamento com Maria de Fátima (Glória Pires) e o caso com Odete Roitman (Beatriz Segall) formavam o núcleo de suas estratégias. No desfecho, ele sai vitorioso, comemorando a fortuna conquistada e mantendo um casamento de fachada com um italiano gay, enquanto continuava sua relação com Fátima.
A nova versão, no entanto, deixa esse final em aberto. Manuela Dias optou por tornar o destino de César mais ambíguo, sugerindo que ele possa não alcançar a tão desejada „felicidade” material ou moral. Essa escolha reflete uma tendência das produções atuais de evitar conclusões fáceis, privilegiando finais que provocam discussões sobre ética, ambição e o preço do sucesso.
Visualmente, a adaptação traz uma estética mais contemporânea, com fotografia mais nova, trilha sonora que mistura hits atuais e ritmos regionais, além de um vocabulário que incorpora gírias usadas pelos jovens de hoje. Esses elementos buscam aproximar a narrativa do público moderno, sem perder a essência do drama clássico.
Em síntese, o futuro de César ainda está em construção, mas os sinais apontam para um final carregado de controvérsia. A combinação de herança inesperada, acusações cruzadas e a presença constante de personagens como Odete e Fátima garante que os últimos capítulos serão marcados por reviravoltas intensas, mantendo espectadores grudados nas telas até o último minuto.