Milton Nascimento é diagnosticado com demência por Lewy, revela filho

Quando Milton Nascimento, ícone da música popular brasileira de 82 anos, recebeu o diagnóstico de demência por corpos de Lewy, a notícia foi confirmada pelo filho e empresário Augusto Nascimento em entrevista à revista Piauí na quinta‑feira, 2 de outubro de 2025.

O anúncio chega depois de um longo período de sinais – lapsos de memória, olhar fixo e repetição de histórias – que surgiram no final de 2023 e se intensificaram ao longo de 2024. A condição, que combina sintomas do Alzheimer e de Parkinson, já vinha sendo monitorada pelo clínico geral Weverton Siqueira, que acompanha Milton há dez anos.

Como a demência por corpos de Lewy foi identificada

Em abril de 2025, após avaliações neurológicas extensas, os médicos concluíram que o acúmulo anômalo de alfa‑sinucleína no cérebro era responsável pelos déficits cognitivos e motores. Bertolucci, especialista em neurodegeneração, explicou que o diagnóstico clínico requer a presença de demência mais dois dos sinais característicos – alucinações visuais, flutuações na atenção e rigidez muscular.

"A DCL não aparece em exames de imagem padrão; a avaliação se baseia na história e na observação dos sintomas", afirmou o doutor durante a entrevista.

Uma viagem inesquecível antes do diagnóstico definitivo

Antes da confirmação médica, pai e filho embarcaram em maio de 2025 numa jornada de motorhome pelos Estados Unidos, percorrendo cerca de 4.000 km. O trajeto incluiu Arizona, Utah, Idaho, Wyoming e Montana. Quando Augusto questionou o médico sobre a "loucura" de viajar assim, recebeu o conselho direto: "Se fosse, era agora".

Milton descreveu a experiência como "a melhor viagem da vida dele", lembrando as paisagens abertas e a sensação de liberdade que ainda conseguia sentir, mesmo com a memória falhando.

Repercussão pública e homenagens recentes

Embora tenha se aposentado dos palcos em 2022 após a turnê "A Última Sessão de Música", Milton permaneceu ativo em colaborações e foi homenageado pela escola de samba Portela no Carnaval de 2025, com o enredo "Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol".

Nas redes sociais, Augusto compartilhou um depoimento emocionado: "Eu te amo e sempre amarei, paizinho". Ele destacou que os diálogos se tornaram mais curtos e confusos, mas gestos simples – segurar a mão, oferecer a refeição – revelam a intimidade que ainda existe entre eles.

O que se sabe sobre a demência por corpos de Lewy

O que se sabe sobre a demência por corpos de Lewy

A DCL afeta cerca de 1,4% da população acima dos 65 anos, sendo o terceiro tipo mais comum de demência no mundo. Os sintomas variam entre déficits cognitivos, alucinações visuais frequentes e rigidez muscular parecida com Parkinson.

  • Não há cura; o tratamento foca em melhorar a qualidade de vida.
  • Medicamentos anticolinérgicos podem agravar a condição; a escolha da terapia deve ser cuidadosa.
  • Atividades físicas leves, fisioterapia e terapia ocupacional são recomendadas.
  • Fatores de risco incluem hipertensão, diabetes não controlada, sedentarismo e isolamento social.

Para Milton, o acompanhamento será multidisciplinar, envolvendo neurologista, fisioterapeuta e psicólogo, além do apoio da família.

Próximos passos e perspectivas

O próximo encontro médico está marcado para dezembro de 2025, quando serão avaliados possíveis ajustes nos medicamentos e a eficácia das terapias complementares. Enquanto isso, a família planeja passar mais tempo juntos, priorizando momentos de música e contato direto – algo que Milton sempre valorizou.

Especialistas alertam que, embora a DCL progresse lentamente, a detecção precoce pode retardar a deterioração funcional e preservar a autonomia por mais tempo.

Frequently Asked Questions

Como a demência por corpos de Lewy afeta a memória de Milton?

A DCL provoca lapsos de memória curtos e dificuldade em reter informações recentes. Para Milton, isso se traduziu em esquecimentos de conversas e necessidade de repetir histórias, algo que a família percebeu já no final de 2023.

Qual a relação entre a DCL e o Parkinson já diagnosticado por Milton?

A demência por corpos de Lewy compartilha o acúmulo de alfa‑sinucleína que também causa os tremores e a rigidez do Parkinson. Por isso, muitos pacientes apresentam sintomas de ambas as doenças simultaneamente, como acontece com Milton desde 2022.

Quais tratamentos podem melhorar a qualidade de vida de Milton?

Além de medicações para controlar alucinações e rigidez, fisioterapia, terapia ocupacional e exercícios leves – como caminhadas curtas – são fundamentais. O apoio emocional da família e a manutenção de atividades musicais também ajudam a estimular a cognição.

Como a imprensa tem tratado a divulgação da doença?

A família autorizou apenas a entrevista à revista Piauí. Até o momento, não há outras declarações oficiais, o que demonstra respeito à privacidade do artista e evita especulações indevidas.

O que o público pode fazer para apoiar Milton nesta fase?

Participar de campanhas de conscientização sobre demência, respeitar a privacidade da família e, se possível, enviar mensagens de apoio nas redes sociais são gestos que ajudam a manter o moral do artista e de seus entes queridos.

9 Comentários

  • Andreza Tibana

    Andreza Tibana

    outubro 3, 2025

    Caramba, nunca imaginei que o Milton teria que encarar essa parada de demência por Lewy. A gente sempre vê o cara no palco, mas esquecer que ele também tem um corpo pra lidar é meio chocante. Vale lembrar que a família tem todo o direito de falar ou não sobre o assunto.

  • José Carlos Melegario Soares

    José Carlos Melegario Soares

    outubro 8, 2025

    É, né? Mas não dá pra ficar só na empatia, tem que reconhecer que essa “loucura” de viajar por aí mesmo com a cabeça a mil pode ser irresponsável. Ainda bem que ele tem a gente pra segurá‑lo, senão o show seria outro.

  • Marcus Sohlberg

    Marcus Sohlberg

    outubro 14, 2025

    Claro que tudo isso é uma jogada para distrair a gente da real crise cultural que o Brasil tá vivendo.

  • Samara Coutinho

    Samara Coutinho

    outubro 19, 2025

    Ao refletirmos sobre a situação de Milton Nascimento, somos conduzidos a um panorama mais amplo que transcende a mera notícia médica. A demência por corpos de Lewy, enquanto entidade clínica, revela a fragilidade intrínseca da condição humana frente ao inexorável avançar do tempo. Não basta observar apenas os sintomas; é preciso considerar a trajetória de vida que culminou em tal diagnóstico, marcada por incessantes contribuições artísticas à identidade nacional. Cada nota entoada, cada verso escrito, carregava em si uma energia que desafiava as limitações físicas do corpo, como se o espírito criativo fosse imune à decadência. Contudo, a biologia não faz concessões, e o acúmulo de alfa‑sinucleína demonstra que até mesmo os maiores criadores sucumbem às mesmas leis que regem o restante da espécie. Esse fato, embora doloroso, oferece uma oportunidade de diálogo sobre a importância do suporte multidisciplinar que envolve não só neurologistas, mas também fisioterapeutas, psicólogos e, sobretudo, a rede afetiva que acompanha o paciente. As histórias de lapsos de memória relatadas pela família são, de fato, indicadores de que o cérebro está perdendo a sua capacidade de consolidar novos registros, o que pode gerar um retraimento social indesejado. Ainda assim, a música permanece como um elo potencial, já que a memória procedural muitas vezes se conserva mais que a declarativa. Assim, incentivar Milton a continuar “sentindo” a música, mesmo que de forma não verbal, pode ser um caminho terapêutico valioso. Em paralelo, a conscientização sobre a DCL deve ser ampliada, pois, como a própria literatura médica aponta, trata‑se do terceiro tipo mais frequente de demência no globo. Essa visibilidade poderia traduzir‑se em políticas de saúde pública que assegurem o acesso a tratamentos adequados e a atividades ocupacionais. Por fim, a experiência da viagem de motorhome, descrita como “a melhor viagem da vida”, ilustra como momentos de liberdade e contato direto com a natureza podem proporcionar alívios emocionais, mesmo nas piores fases da doença. Sendo assim, a família, ao priorizar esses encontros, está concretizando um cuidado que vai além da medicina tradicional, incorporando o afeto como elemento curativo. Essa abordagem integrativa representa, talvez, a maior lição que a história de Milton nos deixa: que, mesmo diante da deterioração, a arte e o amor continuam sendo forças resilientes.

  • Thais Xavier

    Thais Xavier

    outubro 25, 2025

    Olha, eu concordo que a música pode ser um remédio, mas também não dá pra negar que o cara está vivendo num pesadelo silencioso.

  • Elisa Santana

    Elisa Santana

    outubro 31, 2025

    É importante lembrar que o apoio da família faz toda a diferença. Gestos simples como segurar a mão ou preparar a refeição são verdadeiros atos de carinho que ajudam muito.

  • Willian Binder

    Willian Binder

    novembro 5, 2025

    Que coisa trágica.

  • Arlindo Gouveia

    Arlindo Gouveia

    novembro 11, 2025

    De fato, constata‑se que a dignidade humana permanece intacta quando somos rodeados por laços afetivos que transcendem a condição patológica.

  • Marcos Thompson

    Marcos Thompson

    novembro 16, 2025

    A demência por corpos de Lewy apresenta um perfil clínico híbrido, combinando déficits cognitivos típicos do Alzheimer com sintomas motorios semelhantes ao Parkinson. Essa dualidade dificulta o diagnóstico precoce, mas a presença de alucinações visuais recorrentes pode servir como marcador distintivo. O manejo farmacológico requer cautela, pois anticolinérgicos podem exacerbar a rigidez muscular. Estratégias não‑farmacológicas, como fisioterapia e terapia ocupacional, são recomendadas para preservar a funcionalidade motora e cognitiva.